quinta-feira, 21 de maio de 2009

Das bocas unidas

E inda das bocas unidas resta-se o espanto,
li-nos
E inda das bocas unidas resta-se a estranheza,
E inda das bocas unidas resta-se o silêncio
após o beijo...
E inda das bocas unidas resta-se a história,
E inda das bocas unidas resta-se o passado,
E inda das bocas unidas resta-se um elo...
E inda das bocas...
resta-se os lábios,
hoje secos.

Não mais nessas bocas vejo reticências...
Sobram-se pequenos desentendimentos,
Sobram-se curtos contra-argumentos,
Sobram-se agora os ois e tchaus,
se restam...

Deus, que triste adeus...
Quisera eu que essas (belas) bocas unidas
Continuassem a beijar-se eternamente...

Mas inda das bocas unidas resta-se os olhos,
Que se abrem após o beijo e se cruzam,
Numa calma despedida quase brusca,
Mas se fecham, tentando despistar.

icarai, fevereiro, 1999, inspirado na obra do poetinha

2 comentários:

André D'Abô disse...

desse eu já era fã... lindo!

Anônimo disse...

obra do poetinha...tao pequeno,o poetinha...

muito bom, andré..adorei.
beijao
Adhara